domingo, 26 de outubro de 2008

Provérbios Populares

“Não se põe remendo velho em pano novo.”
“Antes asno que me carregue que cavalo que me derrube.”
“Abre-se um olho para vender e dois para comprar.”
“A ociosidade e mãe de todos os vícios.”
“Amigo de todos, amigo de ninguém.”
“A amizade é como porcelana; pode-se emendar mas sempre fica a marca.”
“Os dedos foram feitos para comer.”
“Um tolo e seu dinheiro logo se separam.”
“Não conte com os ovos dentro da barriga da galinha.”
“Quem se faz de ovelha o lobo come.”
“É melhor perder a sela do que o cavalo.”
“A confiança e planta de crescimento lento.”
“Se vale ser enforcado por um carneiro, vale ser enforcado por um cordeiro.”
“Um gato acuado pode se tornar tão feroz quanto um leão.”
“O melhor é inimigo do bom.”
“Não se imprimem pegadas na areia do tempo ficando sentado.”
“Ao homem ousado a fortuna estende a mão.”
“Antes de dar presentes, pague suas dividas.”
“A vela ilumina os outros enquanto se consome.”
“Quem de muito quer saber mexerico que fazer.”
“É melhor curvar enquanto o galho é novo.”
“Não diga desta água não beberei por mais suja que seja.”
“Se conselho fosse bom ninguém dava, vendia.”
“Coração tímido nunca conquistou mulher bonita.”
“Feliz de quem se contenta com o que tem.”
“Não ponha o chapéu onde a mão não alcança.”
“O descontentamento é o primeiro passo para o progresso.”
“Cachorro de dois donos morre de fome.”
“Não atravesse a ponte antes de chegar a ela.”
“Antes um bom inimigo que um mau amigo.”
“Quem nada tem nada teme perder”
“Quem o feio ama bonito lhe parece.”
“Deus ajuda os ricos; os pobres podem mendigar.”
“Numa tempestade qualquer porto serve.”
“Todos colocam peso em cavalo de boa vontade.”
“A mais longa jornada começa com o primeiro passo.”
“Discurso bonito não enche barriga de ninguém.”
“Antes que o mal cresça, corta-se a cabeça.”
“Não faça perguntas e não lhe dirão mentiras.”
“Para bom mestre não há ferramenta ruim.”
“Os tolos são sábios enquanto calados.”
“No amor e na guerra tudo vale.”
“Não roube de Pedro para pagar a Paulo.”
“Cada um deita na cama que fez.”
“É melhor ser cabeça de cachorro do que rabo de leão.”
“Atos falam mais do que palavras.”
“Os melhores peixes nadam no fundo.”
“O peixe que belisca todas as iscas logo é pego.”
“Guarda-te do homem que não fala e do cão que não ladra.”
“Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe.”
“O primeiro golpe é metade da batalha.”
“Quem chega primeiro é servido primeiro.”
“Um amigo na hora da necessidade é um amigo de verdade.”
“Um amigo no poder é um amigo perdido.”
“Do sublime ao ridículo é apenas um passo.”
“Cheio de cortesia, cheio de truques.”
“Amor com amor se paga.”
“Deus ajuda aos que se ajudam.”
“Deus está sempre do lado dos mais fortes.”
“Deus dá o frio conforme a roupa.”
“O dinheiro abre todas as portas.”
“Um bom marido faz uma boa mulher.”
“Advogado pra ser bom precisa saber mentir.”
“É mais fácil perder um bom nome do que consegui-lo.”
“Quem tudo quer tudo perde.”
“Pequenas causas produzem grandes efeitos.”
“O maior ódio nasce do maior amor.”
“Quem muito fala pouco faz.”
“A meia verdade é uma grande mentira.”
“Quem anda depressa é quem mais tropeça.”
“Quem não sabe escutar não sabe falar.”
“Quem cedo dá, dá duas vezes.”
“Quem espera por sapato de defunto anda descalço a vida inteira.”
“É rico quem pouco precisa.”
“Vale ouro quem sabe ganhá-lo.”
“Quem sabe mais fala menos.”
“Junta-se aos maus e serás pior que eles.”
“Quem não sabe obedecer não sabe mandar.”
“Não há nada como um dia depois de outro.”
“Quem é temido quando presente e odiado quando ausente.”
“Quem luta e foge tem chance de viver para lutar um outro dia.”
“Quem anda descalço não deve plantar espinhos.”
“A quem tem a carteira cheia nunca faltaram amigos.”
“É fácil educar os filhos dos outros.”
“Só os ignorantes não tem dúvidas.”
“Quem ri na sexta chora no domingo.”
“Junta-se aos bons e serás um deles; junta-te aos maus e serás pior que eles.”
“Quem nasceu para vintém não chega a tostão.”
“Quem não quer quando pode, quando quiser não terá nada.”
“Quem a boca de meu filho beija a minha adoça.”
“Quem quer comer a noz tem que quebrar a casca.”
“Quem começa muitas coisas não acaba nenhuma.”
“Onça que dorme no ponto vira tapete.”
“Quem está contente na sua pobreza é maravilhosamente rico.”
“Errando que se aprende.”
“Quem cavalga um tigre tem medo de desmontar.”
“Quem quer chegar ao topo precisa começar de baixo.”

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Orixalá


Oxalá
Orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço – chamado Oxaguiam, e velho – chamado Oxalufam.
O símbolo do primeiro é uma idá (espada), o do segundo é uma espécie de cajado em metal, chamado ôpá xôrô.
A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul, do de Oxalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ ! Oxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do Panteão Africano.
Simboliza a paz é o pai maior nas nossas nações na Religião Africana. É calmo, sereno, pacificador, é o criador, portanto respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertence os olhos que vêem tudo.
ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE OXALÁ
As pessoas de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita confiança. Seus ideais são levados até o fim, mesmo, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitados.
OXALÁ - LENDA
Olodumaré entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o mundo. Porém essa missão não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas obrigações para outros Orixás e Exu, aos quais ele deveria fazer alguns sacrifícios e oferendas.
Oxalá pôs a caminho apoiado em um grande cajado, o Paxorô. No momento em que deveria ultrapassar a porta do além, encontrou-se com Exu que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas oferendas, resolveu vingar-se provocando em Oxalá uma sede intensa. Oxalá não teve outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar a sua sede.
Era o vinho de palma o qual Oxalá bebeu intensamente, ficou bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido. Apareceu então Olófin Odùduà que vendo o grande Orixá adormecido roubou-lhe o saco da criação e em seguida foi a procura de Olodumaré, para mostrar o que teria achado e contar em que estado Oxalá se encontrava.
Olodumaré disse então que “se ele esta neste estado vá você a Odùduà, vá você criar o mundo”. Odùduà foi então em busca da criação e encontrou um universo de água, e aí deixou cair do saco o que estava dentro, era terra. Formou-se então um montinho que ultrapassou a superfície das águas.
Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras. Ela começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água, onde ciscava cobria a água, e a terra foi alargando cada vez mais, o que em Ioruba se diz IlE`nfê expressão que deu origem ao nome da cidade Ilê Ifê.
Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros Orixás e tornou-se assim rei da terra.
Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação. Despeitado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu, como castigo a Oxalá e toda sua família, de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê. Mas como consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos nos quais ele, Olodumaré insuflaria a vida.
OXALÁ
Um dia Oxalufam, que vivia com seu filho Oxaguiam, velho e curvado por sua idade avançada, resolveu viajar a Oyó em visita a Xangô, seu outro filho. Foi consultar um babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho recomendou-lhe não seguir viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal.
Mesmo assim, Oxalufam, por teimosia, resolveu não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o então a levar consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabão-da-costa, assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida.
Em sua caminhada, Oxalufam encontrou Exú três vezes. Três vezes Exú solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em cima de Oxalufam. Três vezes Oxalufam ajudou Exú, carregando seus fardos imundos. E por três vezes Exú fez Oxalufam sujar-se de azeite de dendê, de carvão, de caroço de dendê.
Três vezes Oxalufam ajudou Exú. Três vezes suportou calado as armadilhas de Exú. Três vezes foi Oxalufam ao rio mais próximo lavar-se e trocar suas vestes. Finalmente chegou a Oyó. Na entrada da cidade viu um cavalo perdido, que ele reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô.
Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas neste momento chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram Oxalufam com o cavalo e pensaram tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram e prenderam Oxalufam. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro.
Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô desesperado, procurou um babalaô que consultou Ifá, descobrindo que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometera.
Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era Oxalufam. Xangô ordenou que trouxessem água do rio para lavar o rei. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco. E que todos permanecessem em silêncio. Pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufam. Xangô vestiu-se também de branco e nas suas costas carregou o velho rei. E o levou para as festas em sua homenagem e todo o povo saudava Oxalá e todo o povo saudava Xangô. Depois Oxalufam voltou para casa e Oxaguiam ofereceu um grande banquete em celebração pelo retorno do pai.


FESTA DO INHAME



Festa do inhame (Recife), do inhame-novo (Bahia), festas rituais dos xangôs pernambucanos (20-21-22 de outubro) e candomblés baianos (primeira sexta-feira de setembro).O inhame (Dioscoriáceas) era uma fécula comum na alimentação de todas as classes e a festa parece uma comemoração do ciclo da germinação da planta. Constitui uma homenagem a Oxalá (Obalatá, Orixalá). Manuel Querino descreve a festa do inhame-novo:"É o tributo de homenagem prestado a Oxalá, o santo principal do terreiro. É o início das festas do feiticismo. Na primeira sexta-feira do mês de setembro, a mãe-do-terreiro reúne as filhas-de-santo e se dirigem à fonte mais próxima, com o fim de captarem, muito cedo, a água precisa à lavagem do santo. Finda esta cerimônia, o santo é recolhido ao peji. Logo em seguida sacrificam um caprino, que é cozido juntamente com o inhame, não sendo permitido o azeite-de-dendê, que é substituído pelo limo da Costa. Retirada do fogo, a refeição é distribuída pelas pessoas presentes, que depois se retiram. Decorridos três sóis, começam as festas. Entre as cerimônias sobressai a seguinte: a mãe-do-terreiro, munida de pequeno cipó, bate nas costas das pessoas da seita. É a disciplina do rito e tem o efeito de perdoar as ações más, praticadas durante o ano." (Costumes Africanos no Brasil, 55).O inhame é de origem africana e era de uso comum em Portugal no séc. XV. Segundo uma tradição que Roger Batiste divulgou (Imagens do Nordeste Místico em Branco e Preto, 117-118), Oxalá, bem velho, morava com seu filho Oxum-guiam, que o queria muito. Tendo saudades do outro filho, Xangô, rei de Ioruba, Oxalá montou a cavalo para visitá-lo, desprezando os presságios do Babalaô consultado e as respostas do Opélé-Ifá. Viajando, Oxalá apeou-se para ajudar a uma velha, e o cavalo fugiu. Indo segurá-lo, Oxalá foi perseguido como criminoso, vagabundo, e atirado a uma prisão, onde sofreu fome e sede. Xangô, inquieto, consultou os augúrios, que o mandaram visitar as prisões. Nelas o rei dos nagôs encontrou seu pai Oxalá libertando-o imediatamente. Oxalá morria de sede, e o rei mandou um séquito de escravas à fonte mais próxima, com as bilhas novas, buscar água fresca para dessedentar seu pai. Oxalá voltou para a companhia de Oxum-guiam e este lhe ofereceu um banquete. A festa do inhame-novo consta dessas fases tradicionais. Oxalá deixa o peji (viagem); as filhas-de-santo trazem água fresca para matar sua sede (procissão com as quartinhas) e finalmente há o banquete com os animais sacrificados: cabras, etc. A flagelação simbólica, citado por Manuel Querino, talvez significasse os sofrimentos de Oxalá ao ser preso, espancado e deixado numa prisão. Sincretismo da Paixão de Jesus Cristo, nesta última parte? Não sei.(CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro)